segunda-feira, 27 de julho de 2009

8 dias Pós Encontro Nacional



PALESTRA DO PE. FLÁVIO CAVALCA

O Pe. Flávio Cavalca foi muito feliz ao preparar e transmitir esta palestra. Ele foi iluminado ao selecionar estes trechos da história do Movimento, que precisam ficar guardados nos anais e serem consultados permanentemente. A história precisa estar ao alcance de todos os casais que forem chegando às ENS para que a essência seja preservada e todos conheçam a importância de sua pertença ao movimento e se coloquem disponíveis para serem instrumentos para o que Deus quiser falar em cada etapa de nossas vidas.
Agora "reescutando" a palestra ao relê-la neste blog damos graças a Deus por este instrumento estar disponível a todos que quiserem melhor compreender esta história de amor escrita por Caffarel, Nancy e Pedro Moncau, Flávio Cavalca e tantos outros.
Sugerimos que em cada Região e em cada Setor das ENS a história seja preservada e dada ao conhecimento das novas gerações.

Louvado seja Deus!
Elsa Maria e Renato Botaro
Equipe 6-E - Brasília – DF


Reproduzimos a palestra no final deste Blog.


Um giro por Santa Catarina


MUITO OBRIGADO POR TODAS AS MENSAGENS REMETIDAS NO BLOG!
FORAM DE MUITO VALOR PARA TODOS NÓS.
SAIMOS DE FLORIPA E VIEMOS A POA PEGAR O FILHÃO E FOMOS COROAR O BELÍSSIMO II ENCONTRO,EM GRAMADO E CANELA, ONDE TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE REENCONTRAR - SEM PLANEJAMENTO, ALGUNS EQUIPISTAS, TANTO DA BAHIA, COMO DE BR -DF, COMO DO NORTE E NORDESTE.
OBRIGADO POR TUDO!
SIL E MARTINS SSA BA


Um agradecimento
Caros Amigos

Obrigado pelo monte de boa informação disponibilizada no blog!
Tem tanta coisa boa além de boas fotos .

Só nós fomos da equipe 5-C São Paulo Capital-2, mas como todos se interessaram muito pelo encontro fiz um levantamento das homilias e palestras do blog que pessoalmente achei mais importantes, para as imprimir e distribuir pelos de nossa equipe, inclusive para o CE que não usa computador
Para facilitar a impressão mudei a formatação e agora achei que está mais fácil para ler.

Para a eventualidade de mais alguém vos ter pedido esses arquivos em word, estou a enviá-los aqui em anexo.
obs: salvei estes arquivos no micro de casa em que a versão do word é digamos... deficiente. Se vcs acharem importante posso regravar em outro computador onde tenho uma licença oficial da Microsoft

Seria possível que vcs também publicassem a palestra do casal que falou sobre a "Oração Conjugal"? Achei muito importante reler esse tema mas não tomei notas supondo que viesse a ser publicada...
E a Homilia proferida por um Bispo, no dia 16Jul, já depois de ter encerrado a "Abertura Cívica", em seguida ao Evangelho lido na "Abertura Religiosa"!

Fiz quase 400 fotos no encontro e na ilha, alguma muito boas, mas não sei como as posso disponibilizar para eventuais interessados... nosso e-mail é :lm_sarmento@hotmail.com

Sonia e Luis Manuel Sarmento




Só amor no Encontro Nacional

Queridos irmãos em CRISTO E MARIA.
Demos graças ao SENHOR pelas maravilhas que opera na FAMÍLIA.
Participamos com muita alegria do segundo encontro nacional das ENS, não temos palavras para uma análise que diga tudo, o encontro foi graça de DEUS para nós que fazemos parte desta familia tão amada por ELE. Desde a organização, as comissões de trabalhos, as belíssimas liturgias e palestras que nos fizeram gerar lágrimas pelos filhos, os testemunhos dos casais, enfim......se tudo for analizado temos que dar que nota?? DEUS dará a nota final, pois a nossa nota é muito pequena para um grande evento tão bem realizado sobre a proteção de MARIA e o EPÍRITO SANTO como o grande protagonista. Novas amizades fizemos e trouxemos saudades de todos e de tudo. Agradeçamos à DEUS para que possamos nos colocar a serviço porque é muito bom cantar, o dificil é realizar: EU E MINHA CASA SERVIREMOS O SENHOR, mas com a oração tudo alcançaremos. Iniciemos nova etapa pelo ENCONTRO INTERNACIONAL, em oração nos colocaremos para que haja sempre a graça de DEUS na FAMILIA que tanto necessita de proteção.
Com o nosso MUITO OBRIGADO à TODOS, nos colocamos ao inteiro dispor em Belém (PA).
Nazareth e José
E 2 - B Região Norte 2 - Provincia Norte




Momentos maravilhosos

Queridos amigos, que saudades, vivemos momentos maravilhosos!!! Um grande abraço aos amigos de Floripa que nos acolheram como irmãos, a cidade de vocês, as pessoas, enfim tudo foi maravilhoso, vamos guardar em nossos corações e em nossa lembrança todos os momentos vividos, até mesmo o friooooooooo(ufa), que Deus os abençoe sempre e até breve.... Beijos a todos e obrigada pela acolhida e pela amizade.

Maria José e Nonato
Equipe 15 Nsa do Carmo
Manaus – Amazonas




Momentos únicos....

Eu vivi Momentos únicos, essa estória está marcada pela vivência da alegria, da partilha, do encontro com amigos e com a criação de novas amizades.Como foi lindo poder viver tudo isto, como foi importante.Diante de tudo o que aconteceu, nos perguntamos onde estava o nosso coração. "estava em Deus", pois a presença dele era constante, a palestra do Casal Volpini foi muito rica, maravilhosa, onde não podemos perder o "perfume de Deus" em nossa vida, e lá tinha o perfume de Deus, no olhar, no sorriso de um amigo Equipista que não te conhecia, sem sabia de onde você era, mas era como se conhecesse a muito tempo, diante do enorme carinho. Quando estive num canto do Centro Sul, onde o Casal Volpini chegou para tomar um café, lhes dei o parabéns e pude testemunhar: tenho 17 anos de casado e no meu banheiro "ainda tomo banho de roupa". Tenho que me desnudar por completo.Quando nos procuramos querer crescer em Cristo, querer vivenciar este perfume de Deus em nossa vida, tudo se torna menor, o cansaço, a comida, o transporte, enfim tudo apenas é parte, o mais importante você se alimentou, a palavra de DEUS.Tanto nas palestras como também nos testemunhos de vida. Maristela e Márcio, que benção, chorei, chorei e hoje a muito e muito casais amigos que também não tem filhos e não conseguem uma gravides, quando vou contar o testemunho, começo a chorar, pois é milagre de DEUS e é lindo.Maristela ao adotar Laura, recém-nascida, coloca-a no peito e desce leito, durante nove meses amamentou sua filha adotiva. Viver este testemunho ao vivo, foi muito lindo.Foi uma benção de Deus este 2º Encontro Nacional, espero também poder contar com a graça de poder participar do Internacional no Brasil e também se preparar para o III Encontro Nacional.Floripa Obrigado. Postado no Comentários do Blog.




Agradecimento e reconhecimento às Equipes de Serviço.....


Prezados amigos Sílvia e Glauco e a todos os participantes desta grande obra de amor a Deus, ao Movimento e à Igreja:


Paz e bem! Recomeçamos hoje a nossa atividade normal e, como primeiro ato, desejamos manifestar a todos os membros da Equipe de Serviço do 2º Encontro Nacional a nossa gratidão pelo bem que realizaram a tantos casais, a tantas famílias, a tantos Conselheiros e Acompanhadores Espirituais, a Igreja e à sociedade. Esse bem, fruto do amor de Deus por nós, irá além das nossas equipes de base e certamente transcenderá o nosso Movimento. Depois de ter sido sede do primeiro Setor instalado fora de São Paulo, depois de ter sido foco irradiador do Movimento para o Sul do País, depois de acolher a visita do Padre Caffarel em 1972, agora Florianópolis realiza o 2º Encontro Nacional. Este Encontro será um novo marco na história das Equipes de Nossa Senhora no Brasil e em Florianópolis, pois além de uma profunda mensagem de amor que marcará as nossas vidas, deixará também sinais perenes do nosso compromisso de filhos de Deus: a pedra abençoada pelo Santo Padre e a casa.. Queremos destacar também que fizemos na composição desta Equipe de Trabalho, uma primeira experiência para realizarmos o Encontro Internacional no Brasil ao contarmos nela com auxílio de equipistas de outras regiões SC II, SP-Sul II e RS I, a quem estendemos a nossa gratidão pelo desprendimento .e amor ao Movimento. A todos que vivemos este Encontro numa equipe de serviço, incluímos aqui também a Equipe da SR que participou de todo o discernimento sobre a estruturação doe Encontro e aos nossos tradutores, que para além dos acertos e desacertos que tivemos, para além das horas indormidas e das tarefas que realizamos, para além das decepções e da alegria que experimentamos, Deus concedeu uma oportunidade ímpar para alargarmos o nosso coração. Não nos referimos aqui às tarefas que realizamos, que não foram poucas, mas à oportunidade de colocarmos os dons que Ele próprio nos deu a serviço dos outros, de oferecermos o nossa alegria, as nossas limitações, o nosso cansaço... Essa oportunidade de nos amarmos como Ele nos ama, que se deve à Sua presença e ao mesmo tempo O faz presente, nos torna uma comunidade viva e fecunda de casais. Que todos nós, animados pelo Espírito de Amor possamos dizer como Josué "Eu e minha casa serviremos ao Senhor!" (Js 24, 15) Obrigado a todos !


Graça e Roberto



A MENSAGEM DE HENRI CAFFAREL PARA AS ENS DO BRASIL
Pe. Flávio Cavalca de Castro, redentorista.

Pe. Henri Caffarel foi um enviado de Deus para os casais, para ajudá-los na procura da santidade.
Viveu num momento histórico, quando renascia a reflexão sobre a vida de Igreja e o sentido do matrimônio[1]. E teve contato pessoal com pioneiros na renovação da pastoral familiar e juvenil.[2] Desde logo, porém, apontou as características de sua teologia do matrimônio, afirmando que a diferença sexual é estrutura fundamental do ser humano, que o amor humano e o casamento têm lugar privilegiado na história da salvação, e que a mística matrimonial deve voltar-se mais para a vida do que para a moral.[3]
Pe. Caffarel, por gênio e formação, era pessoa mais prática do que teórica, e sempre procurou respostas práticas para as necessidades encontradas. Procurado por casais interessados em fazer do casamento um caminho de perfeição cristã, não lhes ofereceu resposta, mas convidou-os para que juntos a buscassem, à luz da oração e da vida, num caminho gradual de muitas descobertas. Puderam entrever o amor divino refletido no amor do casal que, vivido, é o sacramento do matrimônio. Descobriram na caridade infusa a salvação e a sublimação do amor matrimonial. Assumiram, sem ilusões, a sexualidade no seu pleno sentido humano e cristão. Avançaram pelos caminhos da espiritualidade, superando a espiritualidade individual para assumir a espiritualidade conjugal. Assumiram alegremente a missão de difundir os valores do amor e do casamento.
A serviço dos casais, Caffarel pôs uma inteligência viva, uma simpatia cativante e um estilo muito pessoal. Agora, porém, devo apresentar sinteticamente sua mensagem para os casais equipistas do Brasil. Foram eles privilegiados, podendo usufruir de um estreito e enriquecedor contato com ele, através de três visitas e muita correspondência. Vou destacar os pontos salientes de sua orientação para as equipes do Brasil.

I - Os contatos de Caffarel com o Brasil

Os primeiros contatos
Tudo começou de modo inesperado, muito além dos planos de Caffarel, para quem o Brasil certamente, bien là bas, pouco significava. Nos planos de Deus, porém, do outro lado do Atlântico consolidava-se a cabeceira de uma ponte: o casal Nancy e Pedro Moncau que, havia mais tempo, estava em busca de um aprofundamento para seu matrimônio.
Em novembro de 1949, em S. Paulo, um grupo de casais ouvia uma palestra sobre família. No final, o domicano Pe. Desmarais disse que tinha conhecido na França os “Grupos de Casais do Pe. Henri Caffarel”. Logo no dia 30 Pedro Moncau escreveu para Caffarel, pedindo-lhe informações sobre sua proposta para a espiritualidade conjugal. Em dezembro Caffarel respondeu, dizendo que os grupos de casais por ele orientados “têm o objetivo essencial de ajudar os casais a tender para a santidade, nem mais nem menos”. E providencia que se remeta para o Brasil a documentação básica sobre a proposta. Deve ter logo depositado grande esperança em Pedro e Nancy, porque escreve: “Se tiver tempo de tomar conhecimento desses documentos e interessar-se por eles, ficarei pessoalmente muito feliz em conhecer sua opinião. Não hesite em escrever-me e colocar-me a par de seu modo de pensar. Não receio as contradições e desejo vivamente receber sugestões úteis.”
A reação de Pedro foi imediata: “Era isso que eu há tanto tempo procurava!”. Nancy e o grupo de casais não foram menos entusiastas. Em 13 de maio de 1950 reuniu-se a primeira equipe do Brasil. Pedro e Nancy foram eleitos como casal responsável pela equipe. Ao comunicar o fato a Caffarel, são surpreendidos por ele: não serão responsáveis apenas por essa equipe, mas pelo desenvolvimento das Equipes de N. Senhora em todo o Brasil! Insistia, porém, Caffarel: “Permita-me, entretanto, que o aconselhe a não iniciar senão com casais muito desejosos de compreender as exigências de sua fé e de vivê-las melhor. Vale mais ter menos equipes em uma região, mas que elas sejam portadoras de uma imagem muito pura.”

As visitas ao Brasil
Por três vezes Pe. Caffarel visitou o Brasil. Basta ler os testemunhos de D. Nancy e de muitos outros para perceber o impacto causado por sua presença e por suas palavras.
Primeira visita, de 5 a 9 de julho de 1957
Havia dez equipes em S. Paulo e três no interior. Dias 6 e 7 houve reuniões de estudo e espiritualidade com um número bem reduzido de casais. O que talvez tenha decepcionado Caffarel um pouco. O dia 8 foi dedicado a encontros com os dirigentes de então. Destaco um toque de previsão nas palavras sobre a organização que deveriam providenciar: “Organizem a Equipe de Setor não para as necessidades de hoje, mas prevendo um número três a quatro vezes maior de equipes.”[4]
Depois dessa visita, Caffarel escreveu ao casal Nancy e Pedro: “É quase inacreditável verificar que, através dos oceanos e sem contato com o Centro, vocês apreenderam tão perfeitamente o espírito das Equipes e tenham realizado equipes tão autenticamente Equipes de N. Senhora. Quantas vezes, depois de minha volta de S. Paulo, depois de minha volta da América, bendisse o Senhor por isso!” (1-10-1957)
A visita trouxe novo ânimo para o Movimento. Nos seis meses seguintes surgiram oito equipes em S. Paulo e três nos outros estados, e depertou-se um comprometimento maior com os serviços a serem prestados à Igreja. Surgiram os “Círculos Familiares”, que ofereciam dois anos de conscientização para casais não equipistas, e “Cursos de Preparação para o Casamento”. Tanto que, na organização do Movimento no Brasil, se criou um departamento especial de “Ação Apostólica”.
Segunda visita, outubro-novembro de 1962
De 1º a 4 de novembro, houve em Valinhos SP uma sessão de formação para quarenta casais que exerciam responsabilidades maiores no Movimento. Essa “Formação de dirigentes” foi de importância fundamental para o futuro, tendo repercussão imediata nas equipes de base.
Conforme o testemunho de Pedro e Nancy, além das palestras e reuniões públicas, houve reuniões reservadas aos dirigentes que acabaram sendo decisivas para a caminhada das ENS. Caffarel percebeu nas equipes sintomas de fadiga e apatia. Com os dirigentes brasileiros fez-se um diagnóstico e procuram-se soluções.

Terceira visita, setembro de 1972
As equipes no Brasil já eram 350. Foram duas semanas de presença que, segundo testemunho de Nancy Moncau, foram marcantes e de influência duradoura na vida das equipes brasileiras. Houve suas Sessões de Formação, uma em Itaici (110 casais) e outra em Florianópolis (50 casais), e três Encontros Gerais com Equipistas em S. Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro.

II - Os pontos fortes de sua mensagem aos casais do Brasil

1. As ENS e as exigências do apostolado no Brasil
Logo na primeira visita ao Brasil, 1957, Caffarel precisou orientar as Equipes cada vez mais solicitadas pelas necessidades do apostolado leigo no Brasil, principalmente na pastoral voltada para os casais e as famílias.
Conforme o testemunho de Pedro Moncau, Caffarel aceita em princípio a hipótese de as Equipes de Nossa Senhora no Brasil deverem ter um apostolado familiar organizado. Considera assim que as Equipes de N. Senhora têm dois setores: um de espiritualidade, outro de ação. (...) Mas é preciso nunca esquecer que as Equipes de N. Senhora não são um movimento de ação, mas sim de aprofundamento. As Equipes formam cristãos integrais e, portanto, apóstolos”[5]
Essa decisão levou na época à criação de um Departamento de Ação Apostólica, com cursos de preparação para o casamento e os Círculos Familiares.[6]

2. As equipes são pequenas comunidades-igreja
As Equipes são e devem ser verdadeiras comunidades-igreja; nisso está sua força. Esse o tema desenvolvido numa palestra intitulada “Ecclesía”, que ainda hoje deve ser objeto de estudo e meditação. Antes de muitos, Caffarel afirmou: “Num país como o Brasil o grande problema não é tanto converter os católicos, mas formar comunidades vivas e atuantes.”[7]
Na terceira visita, em 1972, voltou ao tema: “Creio mesmo que todos os problemas atuais de "primavera renovada" da Igreja sejam resolvidos pela tentativa de suscitar em toda parte pequenas igreja (ecclesias), à imagem da primeira equipe reunida em torno de Cristo, formada por Ele e transformada pelo Pentecostes. A Igreja, nossa grande, nossa querida, nossa bem amada Igreja Católica só será salva na medida em que as massas amorfas de cristãos constituírem equipes coerentes, ao redor do Cristo, animadas pelo Espírito de Cristo. Essa é a missão das Equipes de Nossa Senhora na Igreja de hoje.”[8]

3. A responsabilidade das ENS pelo Brasil
É um ponto em que insiste já em sua primeira visita: As ENS precisam ter consciência de sua importância para o Brasil. É preciso manter fidelidade à proposta inicial, e fazer lento trabalho de expansão. Afirmava: “Eu vos conclamo a empreender e levar adiante uma ação sistemática e organizada: fundar uma equipe em todos os pontos principais do Brasil, lançar sobre vossa Pátria uma imensa rede da qual as equipes sejam os nós.”[9]
É preciso formar equipes que sejam celeiros de apóstolos, sempre a serviço da Igreja, sempre obedientes e capazes de pensar os problemas. Nunca deixar que a ação impeça a formação (oração e estudo), porque senão a ação nos perderá.
Em mensagem posterior, para o Eacre de janeiro de 1958 ele insiste: “Meu conselho é o mesmo: máximo de mística e máximo de disciplina.” “O Brasil precisa de santos. É preciso que cada um de vocês, a cada dia, procure a perfeição cristã para a qual Cristo nos convidou... É preciso que vocês se ajudem mutuamente a tender para essa perfeição”.
Conforme D. Nancy, essas palavras despertaram grande espírito missionário nas ENS. A partir daí começou a grande expansão do movimento no Brasil. Em 1957 havia 13 equipes no Brasil. Em outubro-novembro de 1962 já eram 167.
Depois da visita, em dezembro escreveu aos dirigentes: “As notícias que recebo do Brasil, depois de minha partida, causam-me muita alegria. O aumento numé­rico de suas equipes prova bem a sua irradiação. E no princípio deste novo ano peço ao Senhor nas minhas orações, não somente que suas equipes se multipli­quem, mas que sua vida interior cresça dia a dia.”[10]

4. Sinais de cansaço e apatia
Na segunda visita, em 1962, Caffarel detecta sinais de cansaço e apatia nas equipes brasileiras. Em reunião com os dirigentes locais, procura fazer um diagnóstico.[11]
Levantaram-se diversas causas:
1) Formação religiosa insuficiente de muitos casais, que não lhes permite avançar conforme as propostas do movimento. 2)Falta de Casais Ligação eficientes, falta de formação para as responsabilidades. 3) Falha no início de novas equipes, falta de espiritualidade, falha dos Casais Pilotos. 4) Situação social e econômica, exigindo trabalho exaustivo dos casais.
Caffarel aceita apenas uma explicação: equipes mal formadas, admissão de casais imaturos para a proposta equipista, com motivação puramente humana. E insiste: Há um só motivo válido para entrar nas equipes: a procura de Deus, para mais conhecê-lo e mais bem servi-lo”.[12]
Não se deixou comover pelas considerações apresentadas:
− Condições especiais do cristianismo no Brasil
− Sucesso das equipes na conversão de muitos casais.
− Número limitado de casais capazes de assumir plenamente a proposta equipista.
− Não se pode fechar as equipes para tantos casais que poderiam ser conquistados para Cristo.

Sua resposta foi taxativa: Esses casais imaturos sejam cultivados em iniciativas paralelas às equipes, durante um ano ou ano e meio, para que possam assumir um cristianismo adulto. Mesmo que isso signifique perda de várias equipes e o afastamento de muitos casais. Insistiu: “A vida do movimento no Brasil depende disso.” “Mais valem 500 equipes fortes do que 5000 medíocres”, como tinha escrito em carta de 1957 ao Pe. Corbeil.[13]

5. As ENS Movimento missionário e não de conservação
A Igreja tinha passado pelo Concílio Vaticano II, que a marcara profundamente. As equipes não poderiam deixar de ser também afetadas e provocadas. Caffarel tinha sido consultor da Comissão para o Apostolado dos Leigos, na preparação do Concílio. Promoveu entre os sete mil casais equipistas de então uma pesquisa: “O que o povo fiel espera do próximo Concílio, no campo do matrimônio?” Houve seis mil respostas, publicadas e enviadas a todos os bispos e ao Vaticano. Ainda mais, tinha acontecido também a Assembleia Episcopal Latino-americanan de Medellin.
As equipes perguntavam-se, também no Brasil, como deveriam corresponder aos novos impulsos do Espírito. Houve uma reunião de reflexão, convocada pela Ecir,[14] que apontou alguns pontos que deveriam ser enfrentados: falta alguma coisa para sustentar o avanço das equipes depois dos primeiros anos; falta de abertura para fora e de fecundidade espiritual; a direção do Movimento tem pouco contato com as bases, o que gera falta de iniciativas e consequente desinteresse; é a hora da palavra e mais ainda da ação apostólica.[15]
Numa segunda reunião formou-se uma equipe para estudar todo o assunto, equipe que promoveu uma pesquisa entre os casais e conselheiros. Esse material foi depois encaminhado ao Encontro Anual de Responsáveis Regionais e de Setor e Coordenação em Abril de 1969. Dessa reunião participaram um casal francês do Centro Diretor Internacional e o Pe. Tandonet (que iria suceder ao Pe. Caffarel). Foi nesse contexto que se deu a terceira visita do Pe. Caffarel em setembro de 1972. Não poderia deixar de procurar respostas para as inquietações vividas pelo Movimento no Brasil.
Segundo ele, a resposta estava na linha de fidelidade à inspiração original das equipes, e num esforço para corresponder às necessidades e oportunidades da nova realidade vivida pela Igreja. Quanto a isso, insistiu que “as equipes não podem ser apenas um Movimento conservador da fé: é preciso que sejam fermento. Não basta possuir o ensinamento do Mestre, é preciso possuir o Espírito de Cristo, o mesmo Espírito Santo que, no Pentecostes, transformou tímidos seguidores em testemunhas ardorosas do Senhor.”[16]
Nesse contexto, em que se fala de comprometimento missionário, de abertura dos equipistas para a ação apostólica, gostaria de lembrar a observação feita por Marcel Delpont, acompanhante de Caffarel. Pergunto-me até se não a teria feito incitado por ele. Depont faz primeiro um elogio: parabéns pela abertura para meios culturais mais modestos e para casais jovens, o que favorecerá a renovação dos quadros. Depois faz uma pergunta incômoda: “Que é feito dos “Círculos familiares”, iniciativa de apostolado familiar que tinha dado tantos frutos? Tanto mais que, depois da visita anterior, essa nova forma de apostolado familiar sido apresentada como exemplo para as equipes da Europa... (Se me perdoam, aqui faço um parêntesis para repetir agora a mesma pergunta: “Que é feito dos “Círculos Familiares”?)

6. Não desanimar os fracos
Ao mesmo tempo que se mostrava exigente na cobrança da fidelidade ao carisma, Caffarel insistia que se tivesse cuidado para não desanimar os casais que abraçam sinceramente o Movimento, mas ainda não conseguem praticar plenamente sua propostas. Conselho que não pode ser esquecido. Como também não se deve esquecer o que disse na mesma ocasião: Atenção para com os que não abraçam as propostas do movimento, mas têm até objeções contra, ou não querem progredir.

7. Espiritualidade conjugal
Depois de insistir que a famílias equipistas devem ser fontes de vocações sacerdotais, que se deve cuidar sempre da formação, e que a proposta das equipes não é apenas a prática do mínimo exigido pela moral, Caffarel toca num ponto central: “Não estou certo de que os equipistas tenham bem compreendido o que significa espiritualidade conjugal. Há grande preocupação de vida es­piritual, marido e mulher individualmente. Mas a espiritualidade conjugal é mais do que duas espiritualidades individuais vividas lado a lado. Há um misté­rio do casal que é preciso aprofundar. É fonte de graças.” [17]

8. As ENS do Brasil e o futuro
Depois de deixar a espiritualidade conjugal como o grande e final desafio às equipes do Brasil, Caffarel diz o que encontrou aqui e o que espera para o futuro: “Muita coisa vi, muita coisa aprendi e parto acreditando cada vez mais na missão das Equipes de Nossa Senhora no Brasil".[18]

III - A dívida dos casais equipistas brasileiros com Caffarel
A dívida dos casais equipistas brasileiros para com o Pe. Caffarel ficou mais que evidente no que se disse até aqui. Ele não lhes demonstrou apenas carinho e consideração. Ofereceu-lhes uma proposta-resposta para sua vida, e confiou-lhes um tesouro valioso de espiritualidade que devem fazer frutificar.
As ENS do Brasil formam o maior contingente no mundo: não é preciso salientar a responsabilidade daí resultante. Têm elas de corresponder ao dom de Deus e às expectativas do Movimento. Devem resgatar a dívida com Caffarel dando toda a contribuição que lhes for possível para o crescimento da mística das ENS.
Não podem os equipistas do Brasil esquecer o que lhes disse em setembro de 1972, num quase testamento: “Não posso, absolutamente, contentar-me em transmitir-lhes idéias prontas. As Equipes de Nossa Senhora devem ser continuamente reinventadas, e por isso é preciso que nestes três dias, nós reflitamos juntos. Não vou enunciar dogmas, vou propor temas para reflexão, o que é muito diferente. (...) Há uma grande crise na Igreja. Não devemos ser um movimento conservador, que mantém a fé na Igreja; temos de ser um fermento de renovação, se não de revolução espiritual. Se as Equipes de Nossa Senhora, depois do Concílio, não forem fermento de renovação na Igreja, serão postas de lado, para dar lugar a novos movimentos mais ousadamente revolucionários e capazes de trabalhar pelo "aggiornamento" da Igreja. (...) Essa é a questão que eu levanto. E estou certo que nem eu nem vocês podemos aceitar a idéia que as Equipes de Nossa Senhora só foram úteis durante um quarto de século. Nós queremos que elas sejam úteis para os séculos futuros, mas isso supõe que elas sejam repensadas em função dessa Igreja que precisa delas mais do que nunca.”[19]

http://2encontronacionalens.blogspot.com/2009/07/palestra-do-padre-flavio-cavalca.html


[1] M. J. Scheeben (1835-1888): Os mistérios do cristianismo. Dietrich von Hildebrand (1889-1977): O matrimônio, o mistério do amor fiel. A. Christian: Ce sacrement est grand. Témoignage d'un foyer chrétien. (1938). Ambroise-Marie Robert Carré op (1908-2004): Compangnons d’éternité. Pierre Dupouey: Lettres et essais.
[2] Ambroise-Marie Robert Carré op, Paulo Doncoeur sj, Jean Viollet
[3] Jean Allemand: Henri Caffarel, Um homem arrebatado por Deus, Ed. Das Equipes, p. 36-37.
[4] Nancy Cajado Moncau, O sentido de uma vida, Ed. Loyola, 1986, p. 137.
[5] Pedro Moncau, in Nancy Cajado Moncau, O sentido de uma vida, Ed. Loyola, 1986, p. 136.
[6] Nancy Cajado M
ncau, Equipes de Nossa Senhora no Brasil, Ensaio sobre seu histórico, S. Paulo, 2000, p. 56-57.
[7] O. c. p. 56
[8] O. c. p. 274. E continuava: “Vamos ver agora as pequenas igrejas, que são as equipes de Nossa Senhora. Temos a certeza de que não são uma reunião qualquer mas uma ecclesia, porque Jesus Cristo disse: "Se dois de vós se reunirem sobre a Terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles"(Mt 18,19).
O problema é esse. Será que nossa Equipe de Nossa Senhora é uma ecclesia, unida em torno de Cristo, que chama, que ensina, que forma e que sopra seu Espírito sobre cada um dos membros da equipe, ou é um mero círculo de estudos ou uma reunião de amigos?
Não insisto mais porque estou justamente querendo propor à vossa reflexão este ponto! Que deveremos fazer de nossa equipe para que ela se pareça mais com a equipe que Jesus reuniu em torno dele, que ele formou e trans­formou no dia de Pentecostes?
Olhando por todo o mundo, penso que uma minoria das equipes são reuniões e não pequenas ecclesias. Creio que, na grande maioria, as equipes são ecclesias, isto é, estão reunidas em redor de Cristo como os apóstolos antes da Ascensão, mas não são ecclesias de depois de Pentecostes, habitadas pelo Espírito Santo.”
[9] O. c. p. 57
[10] Nancy Cajado Moncau, O sentido de uma vida, Ed. Loyola, 1986, p. 140-141. E continuava: “
Meu conselho é o mesmo: máximo de mística e máximo de disciplina. É preciso a todo o preço que elas sejam esta sementeira onde o Senhor encontrará aqueles homens e mulheres que darão testemunho de Cristo entre seus irmãos, nos postos mais humildes, como nos mais elevados. Mas isto só acontecerá se as equipes forem verdadeiramente escolas de vida cristã, cenáculos onde os apóstolos de Cristo venham abrir seus coracões ao Espírito de Deus. O Brasil necessita de santos. É preciso que cada um de vocês, a cada dia, procure a perfeição cristã para a qual Cristo ­nos convidou, quando nos disse: "Sede perfeitos co­mo vosso Pai celeste é perfeito". É preciso que vocês se ajudem mutuamente a tender para essa perfeição. Escrevendo isso, penso no Monumento aos Bandeiran­tes, que exprime tão bem a tensão vigorosa, tenaz, paciente, encarniçada, para um fim que se quer atin­gir a todo o custo. .. Como ele, sejam bandeirantes espirituais, tendam com todas as suas forças para a perfeição cristã e sintam-se responsáveis pela cons­trução no Brasil, de uma Igreja forte e irradiante, para enfrentar um futuro que se anuncia, ao mesmo tempo, cheio de ameaças e de esperanças...”
[11] Nancy Cajado Moncau, Equipes de Nossa Senhora no Brasil, p. 81
[12] O. c. p. 82
[13] O. c. p. 82
[14] O. c. p. 104: “Em 7 de outubro de 1968 a ECIR, participando do clima reinante, envia aos Casais Responsáveis dos quatro setores de São Paulo, ao Casal Regional da Capital e ao do Rio de Janeiro, que vinha a São Paulo com freqüência, uma carta com os seguintes dizeres:
"Profundamente preocupada com a estagnação que se registra em certas equipes, o desânimo que af1ige determinados equipistas e as crises que atingem um ou outro Setor depois de vários anos de entusiasmo e progresso.
Preocupada também com a conseqüente perda de vitalidade que isto representa para o Movimento e o empobrecimento decorrente para o mesmo das numerosas defecções entre os seus melhores elementos, tanto no Brasil como em outros países.
Sentindo ao mesmo tempo a necessidade urgente de examinar o lugar e a responsabilidade do Movimento na Igreja e no mundo de hoje, face ao 'aggiornamento' pós-conciliar, face também à evolução acelerada do mundo e às regras que regem a vida dos organismos.
[15] O.c. p. 105
[16] O. c. p. 116
[17] O. c. p. 124
[18] O. c. p. 124.
[19] Nancy Cajado Moncau, o.c. p. 265-266

Dia 31 de julho é último dia do Blog. Aproveitem mandar mensagens!!!!!! Fotos!!!!!!


Um comentário:

Ma. Gorette e Sergio Avelino disse...

De Manaus,Am:
Terminado o 2o Encontro Nacional, iniciamos o reencontro no qual nós e nossa casa continuaremos a servir ao Senhor. Queríamos agradecer em primeiro lugar a Deus, que nos concedeu a graça de participarmos deste momento ímpar, em segundo lugar, a todos que proporcionaram a realização do mesmo, através de seu amor e doação ao próximo. Manaus esteve presente com mais de 120 pessoas(entre equipistas e SCE's), prova de dedicação e amor ao movimento. Saímos do centro da maior e mais preservada floresta tropical do planeta, na região norte, para a região sul do Brasil, porém já nos acostumamos a vencer distâncias, esta foi pela vontade e determinação da presença. Conteúdos brilhantes, palestras, testemunhos, homilias. Novas amizades, alegrias dos reencontros com outros, conhecimentos, doação, exemplos, superação, enfim, estar no lugar certo no momento certo e além disso num local abençoado e belo por natureza. Obrigado Senhor por tudo e por todos. Amém!

Gorette e Sergio Avelino
Eq. 08 A Manaus-Am